Dramaturgia
BORBOLETAS NÃO GOSTAM DE FRIO

"Ela já dançou com você? Já te abraçou de forma suave enquanto pousava a cabeça de leve no seu ombro? Ela já te fez flutuar como se você fosse única, num outro espaço, outro tempo que só pertencia a vocês duas e a mais ninguém? Ela já desceu as mãos pelas suas costas suavemente até tocar a sua bunda, enquanto se encaixava devagar entre as suas pernas? Ela já te deixou pousar a cabeça no peito dela, te deixou sentir o coração dela bater, a respiração ofegante na sua nuca? Ela já tocou o seu rosto com a ponta dos dedos antes de te beijar?
(a música acaba)
Você não é a única. Eu aprendi a lição só pra te mostrar. Antes de Petra, meu marido já tinha me conduzido na mesma coreografia: a cabeça no ombro, o olho no olho, as mãos deslizando pelas costas, o coração acelerado, a respiração na nuca, o flutuar... Não tem nada de mágico nisso, eles só repetem padrões, criam o clima, armam a rede e nós ficamos nos sentindo especiais."

Sophia Fried, Thaiani Daniëls e Suzana Felske sob direção de Camila Mesquita no Ouvi Contar (Satyrianas - 2017)

Sinopse
Borboletas não gostam de frio toma de empréstimo personagens da peça As lágrimas amargas de Petra von Kant, de Rainer Werner Fassbinder, para pensar o amor e a liberdade. Karin retorna à casa de sua ex-amante Petra von Kant para resgatar Marlene. No atrito entre as duas personagens e suas visões de mundo conflitantes, uma questão que se coloca no centro da peça: é possível amar e ser livre ao mesmo tempo?
Gabriela Veiga e Rita Batata, sob direção de Fernanda D'Umbra, em leitura dramatizada no projeto Rubricas (espaço Cia da Revista)
HISTÓRICO DA PEÇA
Escrita inicialmente como um monólogo curto para o Ouvi Contar, no Satyrianas 2017, foi apresentada sob o título As doces palavras de Karin Thimm, com direção de Camila Mesquita.
Já reestruturado, o texto teve leitura dramatizada sob o título Marlene no evento Rubricas, no espaço da Cia da Revista em abril de 2018, sob direção de Fernanda D'Umbra. Em maio do mesmo ano, já com o título atual, a peça é lida no projeto SP Dramaturgias, na SP Escola de Teatro.